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7 de maio de 2010

Rip the dress

Lembro que alguns anos atrás quando assisti Dune, filme de David Lynch, encontrei ali lugar de interceção com a moda que visualizo para um futuro distante: roupas bem menos sintéticas do que se prevê, embriagada num exótico perfume étnico e, sei lá por que, desértica. Indo mais além, a moda do futuro seria mais atemporal, despretensiosa (e acho, essencialmente funcional) assim como se, em tempos futuros, aquilo que você veste não fosse um dos assuntos mais importantes da pauta diária.



E aí hoje me deparo com o look verão da Rodarte que, surpresa, havia me passado despercebido. Naturalmente, a imagem me levou de volta à Dune. A atmosfera do filme está ali no descontruído desértico à semelhança dos Freman, nas pinturas étnicas e o ar de quem frequenta salões aristocráticos digno de um Atreide, numa interpretação localizada em um tempo desconhecido (ou já seria o atual?):

Proveniente desta aura futurista, mas rústica e inexata, cria-se um novo statement para vestidos de gala que agora encontram referencia no destroyed. Cris Barros, aqui no Brasil, mergulhou de cabeça na tendencia ao trocar a tesoura pelo ácido. Salpicou gotas do produto que criaram buracos em sobrecamadas de tule. Viktor&Rolf, lá fora e também em tule, alcançou a glória do extremismo em vestidos (quase) literalmente atingidos por balas de canhão.

Portanto, da próxima vez que você for comprar o seu vestido ou faze-lo à moda antiga, tente deixar o impecável de lado e exalte as barras não feitas, os desfiados e tecidos que sobram. Afinal de contas, é uma nova década e a imagem que o mundo elegeu para esta transição de novos tempos é a de que fomos à guerra e voltamos para fazer piada. O que, de qualquer maneira, não deixa de ser verdade.


por Eduardo Aguiar

Um comentário:

  1. Sempre espero pelo fim de semana. um belo texto de moda, o look e o video da semana sao super originais. adoro esse blog!

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